sábado, 28 de março de 2009

Você tem Desconfiômetro?

Você sabe o que é “Vigilância Epistêmica”? Tudo bem, talvez você conheça o termo popular: “Desconfiômetro”. Em 3 de Outubro de 2007 um dos articulistas da revista VEJA, Stephen Kanitz, publicou um artigo sobre como nossa geração tem assimilado informações sem questionar a proveniência e a veracidade do conteúdo. “Vigilância epistêmica’ é a preocupação que todos nós devíamos ter com relação a tudo o que lemos, ouvimos e aprendemos de outros seres humanos, para não sermos enganados. Significa não acreditar em tudo o que é escrito e é dito por aí, inclusive em salas de aula”, eu diria mais, até em uma igreja.

Em anos de adventismo temos assimilado em nossos cultos muitos sermões e pregações algumas vezes bem preparadas, outras nem tanto, mas em ambos os casos somos convidados a crer no que o pregador nos está apresentando, pela noção de que o Espírito Santo guia a todos que atrás de púlpito falam. Mesmo percebendo algumas vezes que o sermão não foi bem preparado ou que o texto bíblico parece não estar sendo fielmente exposto e interpretado, ainda assim, muitos ignoram estas evidências por crerem que o Espírito Santo de Deus está impedindo que dentro de Sua igreja o erro esteja sendo pregado.

Mas não é assim. Olhe para o Antigo Testamento e você verá falsos profetas pregando e falando ao povo escolhido de Deus. É claro que nosso Pai nunca nos abandona e sempre provê uma alternativa para que Seus filhos não sejam enganados. Mas é preciso notar que os profetas de Deus sempre foram bem menos populares, e nem sempre, se não a maioria das vezes, não eram escutados. As pessoas nem sempre estavam atentas para a coisa certa. E sim para aquilo que “achavam” ser certo, por isso eram enganados.

Algumas vezes, pessoas bem intencionadas podem cometer grandes equívocos também. Embora Deus não leve em consideração um erro acidental, ainda assim um erro desses pode causar grandes prejuízos. Gosto de um exemplo que meu professor de Homilética deu. Se uma mulher trocar o sal por veneno de rato sem querer, achando que está dando sabor para sua comida, e que sinceramente está preparando o melhor para o seu marido. Se ele comer, infelizmente morrerá. Ela não terá culpa alguma perante Deus, pois era sincera, tinha boas intenções, não queria matá-lo, mas seu marido estará irremediavelmente morto. Da mesma maneira, pessoas bem intencionadas podem estar expondo o melhor que sabem a respeito de Jesus, sua fé e a palavra de Deus e mesmo assim estarem sinceramente erradas.

I. O Principio Bereano

Paulo foi o grande pregador do período inicial da igreja. Era um homem extremamente inteligente e convincente. Sabemos que era inspirado por Deus. No entanto, o próprio Paulo, pregador e evangelista conta o seguinte relato: “...durante a noite, os irmãos enviaram Paulo e Silas para Beréia; ali chegados, dirigiram-se à sinagoga dos judeus. Ora, estes de Beréia eram mais nobres que os de Tessalônica; pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim” (At 17:10-11 ênfase acrescentada).

Note que impressionante, Paulo diz que os irmãos de Beréia eram “mais nobres” porque eles examinavam as escrituras para conferir se o que ele mesmo dizia era verdade. Eles tinha vigilância epistêmica. E Paulo gostava disso porque não tinha medo do evangelho que pregava, confiava no respaldo bíblico de suas palavras, primeiro porque ele mesmo conhecia a Bíblia e segundo porque era movido por Deus. Ele não tinha o que temer, era preparado e transparente. Como todo pregador deve ser.

II. Ainda não somos Bereanos

Da mesma maneira nós Adventistas devemos estar atentos ao que ouvimos, tanto no que tange a pregações como a notícias televisivas e até mesmo informações provenientes da internet. Tenho recebido diariamente uma avalanche de e-mails contendo teorias conspiratórias, noticias retorcidas e fatos não comprovados como “evidências de cumprimentos profético do tempo do fim” que não passam de embustes e teorias aparentemente bem formuladas. Criadas e propagadas por gente muito bem intencionada, mas que não estão do lado de Paulo, da transparência e do conhecimento Bíblico, demonstrando assim o seu despreparo.

Infelizmente, nosso púlpito tem sido muitas vezes vitimado pelo despreparo, falta de conhecimento bíblico e dedicação a uma vida de experiência religiosa. Quer ver se estou falando a verdade? Usarei como exemplo uma tática largamente adotada entre dissidentes Adventistas para exibir a falta de conhecimento bíblico. Responda a pergunta: “Como Elias subiu aos céus”?
Se você respondeu “carruagem de fogo” preciso lhe informar que você está enganado. Em 2 Reis 2:11 vemos que “o carro de fogo” apenas separou Elias de Eliseu, mas foi um redemoinho que o levou ao céu. Mas como? Aprendemos tanto e de tantas maneiras que Elias havia sido levado para o céu na “carruagem de fogo” que fizemos até musicas com esse título. Parece que todos aprenderam a mesma coisa, você pode estar pensando “mas desde criancinha, pastores pregam isso, aquela senhora que me converteu que é muito fiel a Deus” e etc... E se você acertou é porque provavelmente já haviam lhe feito esta pergunta antes. Embora, é claro, eu saiba que algumas pessoas realmente soubessem da resposta por conhecer o texto bíblico.

Alguém pode dizer, mas essa questão do “redemoinho de Elias” é muito tola, nada influirá em minha fé. E isso é verdade. Porém esta é apenas a ponta do Iceberg, um exemplo banal de como temos propagado idéias sem um mínimo de “desconfiômetro”. Mas vamos analisar um tema bem mais profundo.

Em sua opinião, existe “pecadinho e pecadão”? Para Deus existe diferenciação em graus, de pecado? Por exemplo, adulterar, roubar e mentir tem o mesmo valor para Ele?

Se você respondeu “não”, portanto em sua opinião “para Deus não há níveis de pecado”, errou! Incrível não? Como você pode estar errado se você com certeza já ouviu muita gente, incluído líderes, falando a mesma coisa? Mas abra sua Bíblia em Lc 12:47-48. Você verá que o servo com conhecimento é mais cobrado do que aquele que não conhece. Veja também Pv 6:16. Salomão diz que há seis coisas que Deus odeia e a sétima ele abomina. Portanto, diferenciação de pecados em níveis. Por fim, veja Jr 25:14, se Deus irá retribuir segundo os feitos do homem, você acha que alguém que mata um inocente, será punido como alguém que mentiu a uma criancinha? Não parece nem justo, nem lógico. Mas temos afirmado por aí, que Deus considera um assassinato como considera uma mentirinha branca!
Você entende Romanos 6, 7 e8?

III. Conclusão

Acredito que a esta altura você já deva ter compreendido qual a importância da Vigilância Epistêmica e como que ela só pode ser realmente utilizada em nosso convívio eclesiástico se conhecermos, e conferirmos, assim como o povo de Beréia o conteúdo da Palavra de Deus. Somente com contato profundo e estudo bíblico poderemos escapar dos enganos Satânicos, quer sejam acidentais ou propositados pelo inimigo. Sem o estudo da Bíblia estamos perdidos e sem um mapa para seguir. Ao sabor do vento, das teorias e das farsas fraquejamos em nossa fé até naufragarmos no erro.


Pr. Diego Ignacio Barreto [http://www.contextomoderno.com]

Um comentário:

  1. Isso tudo me fez lembrar o meu primeiro amor... logo que conheci a Cristo, lia diversos livros, estudava as escrituras com uma fome de saber .... Uma vez minha mãe (que na epóca não era cristã) disse que eu ia enloquecer de tanto ler....
    Mas como todo ser humano imperfeito que somos, os estudos aos poucos foram diminuidos (talvez ai realmente eu tenha enlouquecido) com a desculpa da falta de tempo....

    É extremamente importante estudar e comparar com aquilo que escutamos na televisão, dos amigos e até dos próprios pulpitos. Em pensamentos me cobro muito sobre isso e oro para que Deus me abençoe para estudar mais sua palavra, e que aquele amor ..aquele primeiro amor aumente todos os dias na minha vida...

    Que Deus Abençoe a todos... Um Abraço...

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